Quem nunca escovou o cabelo e, ao olhar para a escova, se assustou com a quantidade de fios que caíram? A queda, até certa medida, é natural. Por dia, é normal perdermos entre 100 e 120 fios. No entanto, se você está percebendo que a quantidade de fios que está caindo é maior que o volume considerado normal, e que isso persiste ao longo do ano, é hora de buscar um profissional adequado, o dermatologista.
De acordo com a dermatologista Letícia Freire Rautha, especialista em Dermatologia Integrativa e Natural, as pessoas devem estar sempre atentas para a mudança de padrão na queda de cabelo ou mesmo para o afinamento dos fios, lembrando que é normal que caiam até 100 fios por dia. Caso exista alguma anormalidade, o médico dermatologista é o profissional indicado.
Causas da queda excessiva de cabelo
Antes de combater a queda de cabelo, é necessário que um dermatologista avalie e descubra a causa do problema, seja por meio do exame físico, a tricoscopia – realizada por um aparelho dermatoscópio, seja por meio de exames laboratoriais. Em alguns casos, pode ser necessário também realizar uma biópsia do couro cabeludo.
De acordo com a especialista, existem muitos motivos para que haja um eflúvio telógeno – termo técnico para a queda de cabelo –, entre eles, alterações nos nutrientes do nosso organismo, como vitamina D3, vitamina B12, zinco, ferro, além de alterações hormonais, como o hipotireoidismo, por exemplo.
“Cabe lembrar que o nosso cabelo possui um ciclo capilar fisiológico, em que há uma perda de, aproximadamente, 15% de todos os fios, denominada fase telógena. Esse percentual está dentro dos padrões normais de queda”, explica.
Em seu canal de vídeos com mais de dois milhões de inscritos, a farmacêutica pós-graduada em Nutrição e Terapeuta Naturalista, Angela Xavier, aponta para hábitos corriqueiros que levam à queda de cabelo, como uso contínuo de chapinha, já que o calor enfraquece o fio; fazer penteados constantemente, responsáveis por quebrar os fios; prender os cabelos com frequência, o que dificulta o crescimento; e utilizar produtos químicos para alisamento ou descoloração dos fios.
A queda também acontece após tratamento quimioterápico e no pós-parto. De acordo com Angela, a gestação causa queda de cabelo devido às alterações hormonais que o corpo sofre, ao estresse do parto e, muitas vezes, por intolerância à própria anestesia. Ainda segundo a farmacêutica, a carência ou o excesso de algumas vitaminas e suplementos também são fatores para a queda.
A suplementação é importante, mas somente se necessária. Segundo Angela, o excesso de vitamina A, vitamina E e vitaminas do complexo B também pode causar queda de fios, apesar de a deficiência de vitaminas ser muito mais comum. Entretanto, para ela, umas das principais causas da queda de cabelo é o estresse.
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Em suas redes sociais, o médico vascular e ortomolecular Dayan Siebra, que tem mais de 900 mil seguidores e seis milhões de inscritos em seu canal, fala muito sobre a queda de cabelo. Em um dos seus vídeos, ele pontua alguns fatores que contribuem para a queda: uso regular de química para alisamento, dietas restritivas e épocas mais frias do ano.
Hipotireoidismo e queda de cabelo
No hipotireoidismo, há uma mudança completa de todo o metabolismo no organismo do indivíduo doente. O aporte de nutrientes e a demanda necessária para um cabelo saudável são alterados, levando ao enfraquecimento e à queda. “Não apenas os fios capilares sofrem no hipotireoidismo. Há alteração cutânea por completo, além do quadro de unhas frágeis”, informa a dermatologista.
Também para Angela Xavier, o hipotireoidismo é um fator importante de queda notória dos fios, mas, nesse caso, é preciso confirmar o diagnóstico, “porque pode ser falta de iodo, mas também excesso”, explica. Isso acontece porque o iodo pode não estar chegando dentro das células da tireoide para fazer o seu trabalho.
É recomendado também verificar as taxas dos hormônios T3 e T4 produzidos pela tireoide, uma das maiores glândulas do corpo humano que atua na função de importantes órgãos, como coração, cérebro, fígado e rins.
De acordo com Letícia, o próprio dermatologista é capaz de solicitar os exames laboratoriais para avaliar um possível hipotireoidismo ou mesmo um hipertireoidismo – aumento do T4 e redução do TSH, que também levam a um quadro de queda capilar. Se houver alteração nos exames, o paciente deverá ser encaminhado para um endocrinologista a fim de tratar a doença tireoidiana.
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Queda de cabelo e Covid-19: o que sabemos até agora?
Sabemos que existe relação indireta entre a infecção viral e a queda dos fios. Pelo fato de a Covid-19 ser uma doença aguda e muito inflamatória, ocorre o desvio do metabolismo do organismo para a cura da doença. A consequência é a deficiência transitória de aporte sanguíneo e de nutrientes para cabelos e unhas, levando ao enfraquecimento de unhas e fios e, em muitos casos, à queda de cabelo.
O cabelo possui um ciclo capilar específico. A fase de crescimento dos fios é chamada “anágena” e 85% do cabelo saudável se encontra nessa fase. As fases de repouso, “catágena”, e de queda, “telógena”, são necessárias para a renovação capilar. Esse ciclo dura em torno de três meses e, por isso, é também o período de duração da queda de cabelo na Covid-19. Porém, vale ressaltar que se trata de um processo transitório.
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Tratamentos eficazes para a queda de cabelo
A dermatologista afirma que, para cada diagnóstico, haverá um tipo de tratamento específico. Segundo ela, existem tratamentos naturais eficazes para a queda de cabelo, mas tudo vai depender da causa, pois não existe um tratamento global que trate todas as inúmeras formas possíveis do problema.
“Podemos falar sobre prevenção, uso de antioxidantes orais como o resveratrol, vitamina C e glicoxil. Todos podem ajudar a reduzir o estresse oxidativo gerado no dia a dia pela poluição, alimentação e estresse”, informa Letícia.
Evitar a ingestão de açúcar, pães e massas que liberam substâncias inflamatórias no couro cabeludo e ainda degradam o colágeno necessário para formação dos fios é uma forma de tratamento. De acordo com a médica, deve-se evitar ainda, a qualquer custo, a aplicação de escova progressiva e alisamentos, capazes de causar dano ao córtex da haste capilar, além de levar à necrose do bulge capilar – unidade formada por células troncos responsáveis pela produção do fio. “Podendo gerar o quadro de uma calvície irreversível”, alerta.
Letícia destaca também o óleo essencial de alecrim no tratamento à queda capilar. Segunda ela, este óleo possui estudos comparativos com Minoxidil tópico a 2% com bons resultados. O Trichoxidi é também é uma alternativa natural disponível ao Minoxidil tópico.
Dayan Siebra endossa a diminuição do uso de químicas no cabelo como forma de tratamento. O médico indica a terapia hormonal para as situações em que é preciso buscar um endocrinologista e reforça a importância de verificar as taxas dos hormônios T3 e T4 e tratar o hipotireoidismo para os diagnósticos positivos. Dayan sugere ainda verificar a dosagem de ferro no organismo e, se necessário, dosar a ferritina, principalmente nas mulheres, devido ao sangramento menstrual.
Porém, a dica de ouro do médico é se alimentar bem. Em um de seus vídeos, ele lista uma série de alimentos essenciais para consumo, principalmente se o cabelo está caindo em excesso. Anote aí:
- Cenoura, que contém vitamina A;
- Maçã e laranja, que são ricas em pectina, uma fibra que irá limpar o intestino;
- Acerola, rica em vitamina C, que melhora a circulação e o cabelo;
- Sardinha, rica em ômega 3;
- Frango, carne e peixes, ricos em queratina, uma proteína que ajuda o cabelo a crescer mais rápido;
- Aveia, rica em vitaminas do complexo B, zinco e selênio;
- Oleaginosas, como castanha do Pará e nozes, também ricas em zinco e selênio, ótimos para combater a queda de cabelo;
- Espinafre e couve, ricas em ferro.
Receita para tratar a queda de cabelo em casa
A dermatologista indica uma mistura de 3 a 5ml de óleos vegetais, como o óleo de abacate ou óleo de macadâmia, com apenas uma gotinha de óleo essencial, que pode ser de alecrim – para crescimento – ou de melaleuca, para combater seborreia. “Pode deixar agir por 30 minutos no couro cabeludo, lembrando que o óleo essencial não deve ser aplicado diretamente na pele, mas misturado em óleo vegetal”, finaliza.
