Será que os anticoncepcionais realmente reduzem a libido feminina?

Cerca de 15% das mulheres que tomam anticoncepcionais orais relatam queda na libido, provavelmente porque eles reduzem os níveis de testosterona.
Será que os anticoncepcionais realmente reduzem a libido feminina? saúderia
Será que os anticoncepcionais realmente reduzem a libido feminina? saúderia

Uma vida sexual ativa e feliz traz grandes impactos para a qualidade de vida e o bem-estar feminino. Por isso, a perda da libido, ou seja, do desejo sexual, é uma situação que deve receber atenção redobrada.

A rotina atribulada da mulher moderna, o estresse e uma vida amorosa ruim afetam o desejo sexual feminino. Acrescente a esse cenário o uso de anticoncepcionais, que, nos últimos anos, vêm chamando a atenção dos estudiosos em razão dos efeitos colaterais na saúde da mulher. 

Conforme explica o médico especialista Victor Sorrentino em seu canal de vídeos no YouTube, o maior problema da pílula é que ela reduz os níveis de testosterona, hormônio que estimula o desejo sexual em homens e mulheres. Quando a testosterona está muito baixa, sente-se menos vontade de manter relações sexuais.

O que é a libido feminina?

De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), desejo sexual é uma sensação de vontade de ter relação sexual que gera bem-estar físico e mental em relação ao sexo. Segundo a publicação Tratamento das disfunções sexuais no consultório do ginecologista, a mulher sente desejo por sexo de maneira prazerosa em três situações: espontaneamente, pelo instinto sexual que é natural a todo ser humano; quando recebe estímulo sexual de seu parceiro ou parceira; e por meio de fantasias sexuais.

A publicação acima descreve que é importante pensar em sexo para desenvolver a habilidade de construir fantasias sexuais que possam desencadear o desejo sexual. Por sua vez, esse desejo torna a mulher receptiva ao sexo e pode conduzi-la à busca por uma relação sexual ou a masturbar-se para obter prazer.

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Como os anticoncepcionais influenciam a libido

Pesquisas recentes apontam que o uso de anticoncepcional hormonal combinado – estrogênio e progesterona – pode estar relacionado à redução do pensamento sexual e, consequentemente, do desejo sexual, da excitação e do prazer.

Joseph Mercola, médico osteopata autor de best-sellers no campo da saúde natural, aponta, em um de seus artigos, que cerca de 15% das mulheres que tomam anticoncepcionais orais relatam queda na libido, provavelmente porque eles reduzem os níveis de hormônios sexuais, como a testosterona.

Além disso, segundo o médico, um estudo revelou que as mulheres que tomaram anticoncepcionais orais apresentaram sete vezes mais a quantidade da globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), que diminui a libido, em comparação às que nunca usaram a pílula.

Embora os níveis de SHBG tenham caído nas mulheres que pararam de tomar a pílula, eles ainda permaneceram três a quatro vezes mais altos do que naquelas sem histórico de utilização de anticoncepcionais orais, o que indica que eles podem reduzir a libido feminina em longo prazo.

Anticoncepcionais diminuem os níveis de testosterona

Por realizarem diversas funções, os hormônios presentes no organismo são fundamentais para a manutenção do equilíbrio interno do corpo. Segundo Victor Sorrentino, os hormônios cíclicos das mulheres são muito importantes. A testosterona, por exemplo, tem papel fundamental no desejo e na libido sexual em homens e mulheres, e os anticoncepcionais hormonais inibem sua biodisponibilidade, segundo o médico.

Quando isso ocorre, o corpo não tem a sinalização de que “agora é o momento” e dificulta a vontade sexual da mulher. “Muitas vezes, a mulher passa uma vida inteira tomando esses remédios e hormônios, e por isso deixa de saber qual sua real vontade de ter relação sexual. ‘Se desde o começo eu sou assim’, ela pensa, ‘então eu acho que eu sou assim’”, ilustra Sorrentino. De fato, ao usarmos um remédio durante toda a vida, existe o risco de nos condicionarmos a ele.

De acordo com o médico, todas as suas pacientes que interromperam o uso dos contraceptivos hormonais relataram aumento no desejo sexual. A utilização do medicamento faz com que quase todos os hormônios importantes para que a mulher tenha libido sejam neutralizados.

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Efeitos colaterais do uso do anticoncepcional

De acordo com Dr. Mercola, os anticoncepcionais hormonais estão associados a várias doenças, já que o sistema reprodutor não está isolado. Uma vez conectado a todos os outros sistemas corporais, a contracepção hormonal altera muito mais do que o estado reprodutor.

Alguns efeitos colaterais do anticoncepcional, segundo o médico, são:

  • Depressão e uso seguido de medicamentos antidepressivos;
  • Alterações no humor;
  • Glaucoma;
  • Câncer do colo do útero e de mama, e possivelmente de câncer de fígado;
  • Ossos menos densos;
  • Doenças cardíacas;
  • Coágulos sanguíneos fatais;
  • Desenvolvimento muscular prejudicado;
  • Disfunção sexual de longo prazo;
  • Enxaquecas;
  • Ganho de peso;
  • Crescimento exagerado de leveduras e infecção.

Pílulas anticoncepcionais causam depressão?

Pesquisadores da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca, analisaram dados de mais de 1 milhão de mulheres durante 14 anos. Nenhuma delas, com idades entre 15 e 34 anos, tinha sido diagnosticada com depressão no início do estudo. Porém, as mulheres que tomaram pílulas anticoncepcionais tiveram risco 40% maior de desenvolver depressão após seis meses de uso em comparação com aquelas que não tomaram o medicamento.

A pesquisa indicou que o risco de desenvolver depressão depois do uso de contracepção hormonal foi maior entre as adolescentes. Além disso, o uso de anticoncepcionais hormonais também foi associado ao consumo subsequente de antidepressivos.

Diante dessa informação, fique atenta a alterações no seu humor por tempo prolongado. Procure ajuda médica se sentir que pode estar entrando num quadro depressivo.

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Contraindicações para o uso do anticoncepcional

A contraindicação ocorre quando a paciente possui, pelo menos, uma destas condições: gravidez, doença hepática, trombose vigente, alterações genéticas trombogênicas, câncer de mama, câncer de endométrio, enxaqueca com sintomas neurológicos, doença cardíaca valvar, idade acima de 35 anos, tabagismo, hipertensão e diabetes. Por isso, como qualquer medicamento, somente inicie o uso da pílulaapós avaliação médica.

A recomendação médica é que o contraceptivo oral seja tomado sempre no mesmo horário, diariamente, respeitando os dias de pausa, se houver. Em caso de esquecimento do uso, comunique ao médico. Cabe lembrar que o uso da pílula não exclui o uso de camisinha na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.

Métodos não hormonais de contracepção

Apesar da popularidade, os contraceptivos hormonais têm efeitos colaterais e riscos indesejáveis, levando algumas pessoas a buscar alternativas sem hormônios. Dr. Mercola aponta alguns métodos de barreira, ou seja, aqueles que evitam que o espermatozoide masculino chegue até o óvulo da mulher. Nessa lista, estão o diafragma, o capuz cervical, a esponja e os preservativos masculino e feminino.

Segundo o médico, nenhum deles é à prova de falhas e, por isso, vários casais optam por usá-los juntamente com métodos baseados no conhecimento da fertilidade. Nesse caso, evita-se relação sexual durante o período fértil da mulher.

Ao tomar todos esses cuidados, você pode se tranquilizar ao saber que não é preciso se submeter aos riscos da contracepção hormonal, assumindo o controle da sua saúde reprodutora. Um profissional de saúde experiente pode ajudá-la a escolher as melhores opções de contracepção não hormonais.

Atenção: O perigoso hábito da automedicação

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