O perigoso hábito da automedicação

Cuidado! Uma pessoa que insiste na automedicação está sujeita a várias complicações, como intoxicação, dependência e até a morte.
O perigoso hábito da automedicação saúderia
O perigoso hábito da automedicação saúderia

O que você costuma fazer ao sentir alguma dor ou mal-estar? Mesmo sem receita ou indicação médica, muitas pessoas não pensam duas vezes antes de irem à farmácia e comprar um medicamento para aliviar o incômodo.

Ainda que comum, a automedicação é um hábito perigoso que pode agravar uma doença e trazer várias complicações, entre elas, reações alérgicas, intoxicação e até mesmo dependência. Esse é o alerta feito pelo farmacêutico da Saúderia Tudo Mais, Raphael Araújo. De acordo com ele, o uso indiscriminado de qualquer medicamento pode causar malefícios à saúde, alguns até irreversíveis e mortais.

Mas o que é automedicação?

A automedicação é uma prática comum entre os brasileiros. Segundo Raphael, é o ato de tomar qualquer tipo de medicamento por conta própria, sem nenhuma orientação feita por médicos, farmacêuticos e outros especialistas da área de saúde.

De acordo com dados divulgados pela farmacêutica Pfizer, aproximadamente 35% dos medicamentos vendidos nas farmácias brasileiras são comprados por pessoas que estão se automedicando. Esse número preocupa porque a prática da automedicação pode trazer diversos danos ao organismo.

Prática mais comum do que se imagina

Para o farmacêutico da Saúderia Tudo Mais, a automedicação é uma questão cultural. “Existem diversos fatores, mas eu acredito que a falta de uma saúde pública eficaz e a grande oferta de medicamentos colaboram muito para que essa prática se perpetue”, pontua Raphael.

Além disso, a Internet contribui para que a pessoa faça seu próprio diagnóstico e se automedique. “É uma ferramenta disseminadora da automedicação. Existe, atualmente, uma grande gama de influencers e youtubers usando as redes sociais para divulgar medicamentos e outros produtos farmacêuticos, pessoas que não têm orientação técnica nenhuma, ‘prescrevendo’ o que não se deve, sem levar em consideração que pode acontecer uma série de intercorrências, como efeitos adversos e intoxicações”, alerta o especialista.

Riscos da automedicação

Sabe aquele provérbio que diz que “de médico e louco todo mundo tem um pouco”? Pois é! Quando o assunto envolve medicamentos, o buraco é mais embaixo. Todos querem o alívio imediato de alguns sintomas, mas é preciso lembrar que todo medicamento possui riscos, que são os efeitos colaterais. Por isso, é importante entender que a automedicação pode trazer consequências mais graves do que se imagina.

Além do risco de morte, o uso de medicamentos de forma incorreta, principalmente antibióticos, pode agravar a doença, uma vez que a utilização errada ou abusiva pode esconder determinados sintomas. “Se o remédio for antibiótico, a atenção deve ser redobrada, pois o uso abusivo do produto favorece a resistência da bactéria ao medicamento, comprometendo sua eficácia”, afirma o especialista.

O grande risco da automedicação é mascarar questões muito mais sérias. Por exemplo, uma febre é, geralmente, um sinal de que algo não está bem. Ingerir um remédio para contê-la pode esconder sua verdadeira causa. “Uma dor abdominal constante, que desaparece quando se toma um anti-inflamatório, pode ser, na verdade, uma apendicite, problema de saúde que requer uma intervenção cirúrgica imediata”, alerta Raphael.

Fique atento às possíveis complicações

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a automedicação oferece inúmeros problemas à saúde e pode matar 10 milhões de pessoas por ano até 2050 em todo o mundo. Entre os riscos mais frequentes para a saúde daqueles que se automedicam, Raphael destaca os seguintes:

  • Intoxicação: pode provocar overdose;
  • Mascaramento de doenças: o uso indiscriminado de medicamentos pode anular momentaneamente os sintomas de uma doença mais grave;
  • Reações alérgicas, algumas com risco de morte;
  • Dependência química: algumas substâncias são mais viciantes quando tomadas em doses incorretas e por um tempo maior do que o período indicado por um médico;
  • Resistência ao medicamento: o uso prolongado ou por tempo insuficiente de um antibiótico pode tornar as bactérias ainda mais resistentes ao antibiótico em questão.

Entre as consequências do uso incorreto de remédios, o especialista da Saúderia Tudo Mais ainda destaca a incapacidade física, as desordens hormonais e as doenças hepáticas e cardíacas.

Combinação perigosa

Outra preocupação em relação à automedicação diz respeito à combinação inadequada de medicamentos. “O efeito terapêutico de um medicamento pode ser potencializado por outro ou até mesmo fazer com que o efeito de um deles se prolongue por mais tempo do que deveria, o que poderia provocar efeitos colaterais. Por outro lado, um medicamento pode anular o outro ou ambos podem ser anulados. Dessa forma, não existiria efeito terapêutico nenhum”, explica Raphael.

Diante de tantos riscos, a orientação do farmacêutico é indispensável, principalmente nesse cenário de automedicação. Cabe a ele a tarefa de orientar os pacientes que buscam a automedicação, já que a procura é feita nas farmácias e drogarias.

Essa orientação pode se dar com a consulta farmacêutica, por exemplo. Durante a consulta, o farmacêutico entrevista o paciente e levanta informações importantes sobre hábitos de vida, histórico de doenças, sintomas, medicamentos em uso, para, em seguida, avaliar a necessidade de encaminhar ou não esse paciente a um serviço de saúde especializado.

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