Hipotireoidismo: entenda a função do iodo na produção correta dos hormônios

Doença pode causar cansaço excessivo, diminuição dos batimentos cardíacos, queda de cabelo, pele seca e ganho do peso.
Hipotireoidismo: entende a função do iodo na produção correta dos hormônios saúderia
Hipotireoidismo: entende a função do iodo na produção correta dos hormônios saúderia

A tireoide é uma das maiores glândulas do corpo humano e atua na função de importantes órgãos, como coração, cérebro, fígado e rins. Quando a tireoide não está funcionando adequadamente, pode liberar hormônios em excesso – hipertiroidismo – ou em quantidade insuficiente – hipotireoidismo.

O hipotireoidismo é quando a produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) fica comprometida. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), se a produção de “combustível” é insuficiente, provoca hipotireoidismo. Tudo começa a funcionar mais lentamente no corpo: o coração bate mais devagar, o intestino fica preso e o processo biológico de crescimento na criança pode ser comprometido.

Outros sintomas surgem: cansaço excessivo, dores musculares e articulares, sonolência, diminuição da capacidade de memória, pele seca, ganho de peso e até depressão. Na prática, o organismo nessa condição tenta “parar o indivíduo”, já que não há “combustível” para ser gasto.

O hipotireoidismo é mais comum em mulheres, mas qualquer pessoa, independentemente de gênero ou idade, pode desenvolver, inclusive recém-nascidos. Em adultos, na maioria das vezes, o hipotireoidismo é causado por uma inflamação da tireoide chamada Tireoidite de Hashimoto, em que os anticorpos começam a atacar a glândula tireoide, como se ela fosse nociva ao próprio corpo. Além disso, o hipotireoidismo pode acontecer devido à deficiência de iodo, que é uma condição conhecida como bócio, levando ao aumento no tamanho da tireoide.

Alguns especialistas relacionam o hipotireoidismo apenas com o ganho de peso e a maior dificuldade no emagrecimento. No entanto, há outros sinais e sintomas do hipotireoidismo:

  • Obesidade;
  • Falta de concentração;
  • Letargia, fadiga, desânimo e sonolência;
  • Ressecamento da pele;
  • Queda de cabelo;
  • Voz rouca;
  • Irregularidade menstrual;
  • Infertilidade;
  • Diminuição da libido;
  • Disfunção erétil;
  • Constipação intestinal;
  • Cefaleia – termo médico utilizado para designar aquilo que conhecemos como “dor de cabeça”.

Diagnóstico e tratamento do hipotireoidismo

Ao notar esses sintomas, é preciso ir a um médico endocrinologista, profissional que cuida de toda a parte hormonal do corpo. Para identificar o hipotireoidismo, o médico pede alguns exames para saber quais são os níveis de T3 e T4 no organismo, assim como o de TSH, o hormônio que regula a tireoide.

Segundo a SBEM, o tratamento para o hipotireoidismo é relativamente simples e deve ser feito por meio da reposição hormonal com o uso de hormônios sintéticos: a Levotiroxina, que contém o hormônio T4.

A Levotiroxina deve ser tomada em jejum, pelo menos 30 minutos antes de tomar o café da manhã, para que a absorção do medicamento não seja comprometida. A dosagem deve ser prescrita pelo médico endocrinologista, que irá determinar a dose adequada para cada caso. O objetivo é regular os níveis de hormônios tireoidianos e aliviar os sintomas.

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Complicações do hipotireoidismo

Se o hipotireoidismo não for corretamente tratado, pode acarretar redução da performance física e mental do adulto, além de elevar os níveis de colesterol, que aumentam as chances de problemas cardíacos.

De acordo com a SBEM, para evitar as complicações das doenças da tireoide, basta que o paciente siga as prescrições do médico, tomando o medicamento de forma correta e constante. Quando o tratamento não é adequado, ou mesmo quando a doença não é diagnosticada a tempo, podem surgir as seguintes complicações:

  • Anemias;
  • Coronariopatia – doença das artérias do coração;
  • Desordens gastrointestinais, neurológicas, endócrinas, metabólicas e renais;
  • Disfunções respiratórias;
  • Dislipidemia – presença de níveis elevados de gorduras no sangue;
  • Glaucoma – aumento da pressão nos olhos;
  • Hipertensão arterial;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Retardo mental, surdez e deficiência no crescimento em recém-nascidos com hipotireoidismo.

Hipotireoidismo e obesidade

Em seu Instagram (@drvictorsorrentino), o médico especialista Victor Sorrentino trata do tema em diversos vídeos. Em um deles, afirma que o hipotireoidismo de Hashimoto é uma doença autoimune que gera ganho de peso. Apesar de ser uma realidade difícil, não significa que a pessoa terá que viver sem qualidade de vida e com sobrepeso. Ele ressalta que a mudança de hábitos alimentares é fundamental para o sucesso do tratamento.

“Essa mudança não é apenas para quem tem hipotireoidismo de Hashimoto, mas para todos que tem uma pré-disposição genética para a obesidade. Muitos colocam a culpa de uma alimentação ruim na falta de dinheiro, de tempo ou na correria do dia a dia, mas a verdade é que devemos assumir a responsabilidade sobre nosso estilo de vida e entender que a mudança de hábito alimentar pode impactar profundamente a melhora dos casos e, consequentemente, em uma melhor qualidade de vida”, orienta o especialista.

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Importância do iodo na produção correta dos hormônios

Para a tireoide funcionar, precisamos de iodo, que é um dos componentes dos hormônios tireoidianos. Dessa forma, dietas com baixa ou nenhuma ingestão de iodo podem causar hipotireoidismo, uma vez que a tireoide não terá substrato para produzir T3 e T4.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), como o solo brasileiro e os alimentos são pobres em iodo, foi adicionado iodo ao sal de cozinha para que possamos ter a ingestão adequada às necessidades do organismo e produzir corretamente os hormônios da tireoide.

No entanto, se o iodo do sal favorece a produção hormonal da tireoide, por outro lado, pode prejudicar sua saúde. Segundo Dayan Siebra, médico vascular e ortomolecular, precisamos ter cuidado com a carência, mas também com o excesso de iodo. “A solução não é sair dando iodo para todos, como se fosse uma fórmula mágica. É preciso uma avaliação médica”, pondera.

A ingestão excessiva de iodo provoca bloqueio da tireoide e seus mecanismos reguladores, ocasionando a interrupção na produção dos hormônios tireoidianos. “Se você tem falta de iodo no corpo, não tem como produzir os hormônios da tireoide. Ao contrário, se há excesso, a tireoide também não produz esses mesmos hormônios”, destaca Siebra.

Como obter iodo pela alimentação?

A farmacêutica pós-graduada em Nutrição e terapeuta naturalista, Ângela Xavier, ressalta que hipotireoidismo é um assunto sério e que devemos dar muita atenção à alimentação. “O selênio, por exemplo, funciona como um escudo de proteção contra inflamações e outros agentes externos, atuando também como peça-chave de conversão de T4 e T3”, explica. Esse mineral pode ser encontrado na castanha-do-pará, que contém até três vezes mais a quantidade de que necessitamos ingerir diariamente, no frango, na gema do ovo e em outros alimentos.

Quanto ao iodo, Dayan Siebra cita algumas fontes como peixes marinhos – salmão, sardinha, atum, cavala – algas marinhas e ovos. “Se você come com frequência peixes, algas e ovos, você pode até nem comer sal e não ter que suplementar iodo”, afirma.

O que muita gente não sabe é que existem alimentos que podem atrapalhar a tireoide. São as crucíferas – brócolis, couve-flor, couve-manteiga, couve de bruxelas, nabo e repolho. Esses alimentos têm uma substância chamada glicosinolato, que atrapalha indiretamente a entrada de iodo na célula da tireoide.

“Se você tem problemas com o funcionamento da tireoide, deve consumir as crucíferas cozidas ou aquecidas no vapor, em vez de cruas”, ensina Dayan Siebra. Dessa forma, o glicosinolato perde as propriedades e não atrapalha a entrada do iodo na célula da tireoide.

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Lugol tem que ter indicação médica

O lugol é uma solução concentrada de iodeto de potássio com mais de 6 miligramas de iodo por gota. Muitas pessoas não possuem uma alimentação saudável e acabam por não ingerir uma quantidade equilibrada do nutriente iodo, necessário ao funcionamento saudável da tireoide.

Conforme Victor Sorrentino explica em seu perfil no Instagram, o iodo é uma das substâncias mais importantes para o bem-estar, a produção dos hormônios da tireoide e a regulação metabólica. Dessa forma, quando não é ingerido em quantidades suficientes pela dieta, há necessidade de suplementação.

Neste contexto, aparece o lugol, utilizado especialmente para a reposição do micronutriente no organismo. Porém, é muito importante ressaltar que somente médicos devidamente habilitados podem diagnosticar o hipotireoidismo, indicar tratamentos e receitar remédios e suplementos para tratar o hipotireoidismo.

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