Colesterol é mesmo o vilão que todos dizem?

Neste artigo, você vai descobrir que o colesterol tem muitas funções importantes no organismo e que é impossível ter saúde sem ele.
Colesterol é mesmo o vilão que todos dizem?
Colesterol é mesmo o vilão que todos dizem?

Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), embora muitos vejam o colesterol como vilão, ele é fundamental para o funcionamento do corpo humano. Isso porque esse composto gorduroso faz parte da estrutura das células do cérebro, nervos, músculos, pele, fígado, intestinos e coração. Logo, ele é essencial para o funcionamento dessas células.

A medicina tradicional aponta que muito embora o colesterol seja necessário ao organismo, seus níveis devem estar sempre controlados. Porém, há uma vertente médica que afirma que ele não tem relação com doenças cardíacas e, portanto, não precisa ser reprimido.

De acordo com o mestre em Cardiologia pela PUC-RIO, nutrólogo pela Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e pela Associação Médica Brasileira, Lair Ribeiro, o colesterol é essencial para o desempenho das funções orgânicas do organismo e para uma boa saúde. Segundo ele, sua deficiência pode, inclusive, causar redução na sobrevida de pacientes.

Muito necessário ao organismo

Especialistas afirmam que esse composto gorduroso é importante para a formação de hormônios de vitamina D e ácidos biliares, que ajudam na digestão das gorduras da alimentação. Segundo Lair Ribeiro,o colesterol está presente em todas as membranas de todas as células do corpo. Além disso, ele é a molécula mais abundante no cérebro – que produz o seu próprio colesterol.  “Se ele fosse algo deletério e prejudicial, se fizesse mal, seria a molécula mais abundante no cérebro? 25% do nosso colesterol está no cérebro”, informa o médico.

De acordo com Lair Ribeiro, algumas funções do colesterol são:

  • É precursor de todos os hormônios esteroidais, aqueles responsáveis pelo controle metabólico ou pelas características sexuais, como aldosterona, cortisol, progesterona, estrogênio e testosterona. “Tudo é feito de colesterol”, aponta;
  • É precursor da vitamina D3, responsável pelo metabolismo do cálcio e do fósforo. Sendo assim, sem colesterol, não se produz vitamina D3;
  • É fundamental na composição da mielina, estrutura formada por uma membrana lipídica, que encapa os nervos e facilita a rápida comunicação entre os neurônios;
  • É precursor dos ácidos biliares, da bile – secreção produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar –, essencial para a digestão e absorção de gorduras e algumas vitaminas. “Sem o colesterol não é possível absorver as vitaminas A, D, E, nem a K”, pontua Lair Ribeiro;
  • O colesterol dos alimentos contribui para a proteção da mucosa intestinal;
  • É muito importante para o sistema imune, dos linfócitos B;
  • É um protetor contra a demência. As pessoas idosas com colesterol baixo têm predisposição à demência. Segundo Lair Ribeiro, a pessoa que tem Alzheimer e Parkinson, por exemplo, tende a ter níveis mais baixos.

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Reduzir não diminui incidência de doenças cardíacas

A grande discussão em torno do tema acontece por ele ser considerado um dos responsáveis – juntamente com a gordura saturada – pelas doenças cardiovasculares. Considerado um tipo de gordura, o colesterol passou a ser banido da alimentação e constantemente vigiado por meio de exames clínicos, que calculam o LDL, chamado colesterol “ruim”, e o HDL, o “bom” colesterol.

A SBEM afirma que o excesso de LDL (Low Density Lipoprotein) causa doenças vasculares porque se deposita, sem dar sintomas, na parede interna das artérias e gradualmente vai formando uma placa chamada ateroma. Esses ateromas vão obstruindo gradualmente as artérias e podem acabar causando Infarto Agudo do Miocárdio e Acidente Vascular Cerebral, o conhecido AVC.

No entanto, a medicina reconhece que a causa exata da formação dos ateromas não é totalmente conhecida. Alguns pesquisadores suspeitam que entre os principais fatores de risco para a formação de ateromas está o colesterol alto. Porém,não existe, na literatura científica, estudos clínicos comprovando que a redução da ingestão de gordura saturada e do colesterol diminuirá a incidência de doenças cardíacas.

Para o cardiologista, afirmar que colesterol alto no sangue bloqueia as artérias é um mito. “Ele é mocinho, não bandido. Ele vai lá para salvar a artéria quando ela está lesada”, afirma o especialista, que faz uma comparação: “o colesterol é encontrado na cena do crime, é algemado e levado como culpado. Porém, na verdade ele estava lá para salvar. É o mesmo que ocorrer um incêndio e o bombeiro levar a culpa”, exemplifica Lair Ribeiro em entrevista para o canal Jolivi Saúde.

Combater interessa à indústria farmacêutica?

O cardiologista e nutrólogo conta que, em 1784, o colesterol foi identificado pela primeira vez na bile. “A palavra colesterol vem de ‘cole’, que significa vesícula biliar”, explica o médico. Segundo ele, 100 anos depois, um patologista alemão, ao examinar uma placa de ateroma, encontrou colesterol. “Isso não significa que o colesterol tenha causado a placa, mas que apenas foi encontrado lá”, adverte Lair Ribeiro.

Em 1912, um cientista russo ofereceu colesterol para coelhos e galinhas, que são animais herbívoros. Como o colesterol é uma substância animal, espécies que não se alimentam de animais são incapazes de metabolizá-lo. Como consequência, o coelho desenvolveu placas de ateroma na aorta em razão do colesterol, concluíram à época. Logo em seguida, o mesmo cientista russo ofereceu colesterol para ratos e outros mamíferos, que não desenvolveram ateromas, provavelmente por conseguirem metabolizar o colesterol. A partir desse estudo, a indústria farmacêutica vislumbrou uma oportunidade e começou a pesquisar drogas para reduzir o colesterol, entre elas, a famosa estatina.

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Estatina: remédio ou veneno?

As estatinas são os medicamentos mais usados no controle do colesterol. A SBEM considera que o tratamento adequado com estatina reduz a mortalidade e, por isso,quanto mais alto, mais importante é o tratamento. Seguindo as diretrizes de órgãos oficiais, o uso de estatina tem o objetivo de controlar o nível plasmático de colesterol, principalmente da fração LDL, o colesterol “ruim”. A finalidade é, supostamente, diminuir a incidência de doenças e mortes cardiovasculares.

Porém, de acordo com Lair Ribeiro, dados de várias meta-análises de ensaios randomizados controlados e observacionais realizadas nas últimas décadas não conseguiram demonstrar que existe correlação estatística e de causa e efeito entre colesterol elevado e doenças cardiovasculares. Dessa forma, enquanto muitos artigos científicos ressaltam a segurança das estatinas, outros apontam diversos efeitos colaterais.

Para Lair Ribeiro, a estatina é um veneno. “Não há necessidade de baixar o colesterol com drogas que são altamente venenosas, como a estatina, que prejudica a memória e causa outros danos, como fadiga, dor nas pernas e dificuldade para andar”, pontua.

Gordura saturada não aumenta o colesterol e não faz mal

As diferentes opiniões levaram as pessoas a modificar seu padrão alimentar, fazendo com que as gorduras naturais fossem substituídas pelos carboidratos refinados e pelas gorduras industrialmente modificadas, comprovadamente inflamatórias. De acordo com Lair Ribeiro, esse tipo de alimentação é o verdadeiro responsável pelas doenças degenerativas crônicas que assolam a população ocidental.

O especialista derruba alguns mitos, como aquele que considera o colesterol um tipo de gordura. Segundo ele, o colesterol é feito predominantemente de carboidrato e 70% da energia que o coração utiliza é retirada de gordura, não de carboidrato. A conclusão é que o coração prefere trabalhar com gordura. “Criaram essa crença de que gordura saturada faz mal e isso continua a ser repetido, mas a literatura mostra exatamente o contrário”, pontua o cardiologista.

Além disso, 50% da membrana celular é saturada. “Se fizesse mal, como a natureza iria colocar a gordura saturada nos trilhões de células do nosso corpo? Além disso, mais de 50% do leite materno é composto por gordura saturada”, acrescenta o especialista.

“Se ele está no seu cérebro e em todas as membranas das suas células – e inclusive produz os seus hormônios – por que razão seria necessário reduzi-lo?”, indaga o cardiologista. Há tempos, os níveis são reduzidos e isso não reflete na diminuição da mortalidade cardíaca. Para Lair Ribeiro, essa crença apenas demonstra que não existe correlação entre colesterol alto e doença cardíaca.

O convite, ao ler este artigo, é que cada um comece a se questionar e a pesquisar sobre o assunto, recusando o que é disseminado sem comprovação. É preciso entender que existe muito interesse econômico envolvido em todas as histórias que são contadas.

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