Asma: adesão ao tratamento melhora qualidade de vida

Quanto maior a aderência ao tratamento, melhor o controle da asma, menor o agravamento da doença e melhor a qualidade de vida dos pacientes.
Asma: adesão ao tratamento melhora qualidade de vida sauderia
Asma: adesão ao tratamento melhora qualidade de vida sauderia

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a asma é a terceira ou quarta causa de hospitalizações pelo SUS – o que representa 2,3% do total de internações.

Segundo o DATASUS, o banco de dados do Sistema Único de Saúde, ligado ao Ministério da Saúde, ocorrem no Brasil, em média, 350 mil internações por asma anualmente.

Apesar dos elevados números, a SBPT tem uma notícia animadora: observa-se uma queda no número de internações e mortes por asma no Brasil. Em uma década, o número de internações por asma caiu 49% no país. Essa redução é explicada pela melhor compreensão da doença por parte de quem sofre com a doença e pela distribuição de medicamentos para os pacientes asmáticos graves.

Apesar disso, a oferta de tratamento adequado aos asmáticos ainda é limitada em muitos estados brasileiros, sendo que uma grande parcela da população não está tratada por completo.

O que é asma?

Asma é uma doença respiratória que ocorre devido a uma inflamação nas partes internas do pulmão, provocando inchaço, produção de muco ou secreção extra e reduzindo a passagem do ar nessas estruturas, podendo causar os seguintes sintomas:

  • Falta de ar ou dificuldade para respirar;
  • Sensação de aperto no peito ou peito pesado;
  • Chiado no peito;
  • Secreção abundante;
  • Tosse.

O pneumologista Adelmir de Souza Machado, membro da Comissão Científica de Asma da SBPT, afirma que esses sintomas podem ser frequentes ou persistentes e aparecerem diariamente nas doenças não controladas ou nas doenças um pouco mais graves. Mas também podem ter um caráter episódico, ou seja, os indivíduos ficam controlados e sem sintomas em um período prolongado. Eventualmente, apresentam crises, com o aparecimento de um ou mais desses sintomas.

Quais são as causas da asma?

A causa da asma é desconhecida, mas algumas características podem estar relacionadas com o surgimento de crises asmáticas. São elas:

  • Sofrer com alergias;
  • Ter pai ou mãe com asma;
  • Ter tido outras infecções respiratórias;
  • Estar exposto à poluição do ar.

De acordo com o pneumologista, a asma pode ser de origem alérgica ou não alérgica e sofre influência genética. Indivíduos com parentes asmáticos podem desenvolver asma ao longo da vida. A poluição ambiental também pode ser um dos responsáveis pelas crises de asma.

“Ainda que estejam com a asma bem controlada, os indivíduos asmáticos, quando estão em contato com poeiras, odores fortes, alterações climáticas ou infecções virais, como os resfriados comuns, podem piorar ou ter crises de asma como resultado desse estímulo mais agudo”, pontua Adelmir.

Asma não tem cura, mas tem tratamento

A asma não tem cura, uma vez que é causada por uma alteração genética que, somada a fatores ambientais, pode provocar estreitamento das vias aéreas e os sintomas descritos anteriormente: intensa dificuldade para respirar, chiado no peito e tosse. E mesmo que o asmático não tenha nenhum sintoma, a asma está presente.

Embora não exista cura, existem medicamentos e outras formas de tratamento que melhoram muito os sintomas e ajudam a controlar a doença. De acordo com o médico pneumologista, asmáticos tratados podem ter uma qualidade de vida igual a de qualquer pessoa saudável.

O que fazer e como tratar a asma

A SBPT alerta sobre a importância de realizar acompanhamento com pneumologista e utilizar os medicamentos prescritos, como broncodilatadores, corticoides e anti-inflamatórios.

“Como a asma é uma doença inflamatória, os principais medicamentos inalatórios são os corticosteroides inalados, que podem ser utilizados ou por nebulizadores ou por bombinhas ou ainda por meio de inaladores de pó seco”, explica Adelmir.

O especialista acrescenta que todas essas medicações devem ser criteriosamente avaliadas pelo médico pneumologista ou alergista e indicadas para cada paciente de forma específica, personalizada.

Para reduzir o agravamento e as complicações relacionadas à asma, tais como uso de corticoide oral quando todas as outras medicações falham, bem como idas à emergência e hospitalizações, é necessário seguir à risca todas as medidas preventivas. Entre elas estão o controle ambiental e um plano de ação a ser montado juntamente com o médico e o farmacêutico. Esse plano vai dizer o que fazer de acordo com o aparecimento de cada sintoma ou em cada situação prevista durante a doença. E o mais importante: segundo o especialista, o paciente deve aderir ao tratamento, sem abandonos pelo meio do caminho.

Importância da adesão correta ao tratamento

Quanto maior a aderência ao tratamento, melhor o controle da asma, menor o agravamento da doença e melhor a qualidade de vida dos pacientes.

Mas o que pode ser considerada uma adesão ao tratamento?

  •  Comparecer às visitas regulares agendadas pelo médico.
  • Colocar em prática as orientações médicas sobre como manter o ambiente limpo e ventilado, evitar o acúmulo de poeira em tapetes e cortinas e lavar regularmente roupa de cama, cobertores e almofadas.
  • Usar de forma correta os medicamentos inalatórios de acordo com o ajuste de doses proposto pelo médico.

É fundamental que o paciente utilize corretamente cada um dos dispositivos prescritos pelo médico, que podem ser nebulizadores, pó seco, sprays ou as famosas bombinhas. Essas bombinhas podem estar ou não acopladas a espaçadores, que são dispositivos que facilitam o uso dos medicamentos. Então, o medicamento correto, a técnica adequada e a dose certa do medicamento são fundamentais para o sucesso do tratamento com controle dos sintomas”, explica.

Como conviver com a asma?

O paciente asmático, geralmente, se depara com uma série de problemas dependendo de sua faixa etária. “Esses problemas vão desde o convívio social, pois esses pacientes têm um pouco de vergonha, principalmente na adolescência, de utilizar seus dispositivos para o tratamento ou até mesmo dizerem que têm asma, até dificuldades cotidianas, porque a própria doença limita as atividades diárias, como a prática de exercícios físicos”, conta o pneumologista.

“Além da qualidade de vida ser um dos objetivos a serem alcançados, nós precisamos também do controle dos sintomas e de uma boa função do pulmão. Para isso, esses pacientes também devem ter uma alimentação balanceada, fazer exercícios físicos e atividades ao ar livre”, acrescenta Adelmir.

O exercício físico não apenas melhora a autoestima do paciente, mas também o desempenho e a tolerância à falta de ar, chamada dispneia, além de melhorar o perfil imunológico, diminuindo, frequentemente, a inflamação resultante da asma.

Educação ao paciente: o papel do farmacêutico

De acordo com o farmacêutico responsável pela Saúderia Tudo Mais, Raphael Araújo, o principal motivo que leva a asma a ser a quarta maior causa de internações no Brasil é a falta de adesão ao tratamento medicamentoso. As bombinhas não são fáceis de usar, o que acaba por desmotivar o paciente.

Assim, utilizar o medicamento da forma correta é fundamental para que a doença se mantenha controlada. Para isso, o paciente tem à disposição o farmacêutico para ensiná-lo como usar e aplicar a bombinha.

“Antes de tudo, a informação é o maior e mais importante serviço que a farmácia pode oferecer ao paciente. Ensinar o asmático ou o familiar sobre os cuidados que precisa ter e, principalmente, como se deve manusear e utilizar as bombinhas é um serviço fundamental”, aponta Raphael.

Além disso, a farmácia oferece nebulização e o teste de controle da asma (TCP), que tem a capacidade de identificar se a asma está descontrolada. “A farmácia, por intermédio de um farmacêutico capacitado, pode ajudar o paciente a descobrir se tem asma. Trata-se de um questionário com cinco perguntas que valem pontos. Esses pontos são chamamos de score. O resultado será uma pontuação entre 5 e 25. Se o resultado der abaixo de 20 significa que a asma do paciente está descontrolada e requer cuidados médicos”, conclui o farmacêutico.

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