Além de ser uma das causas do hipotireoidismo, a falta de iodo pode trazer outros problemas para o organismo. Confira o que dizem os profissionais de saúde sobre o tema.
O iodo é responsável por sintetizar os hormônios tireoidianos – aqueles que são produzidos pela tireoide, uma glândula que fica na região frontal do pescoço. Esses hormônios são a tri-iodotironina (T3) e a tiroxina (T4). Conforme explica a Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), eles atuam no crescimento físico e neurológico e promovem a manutenção do fluxo de energia (metabolismo e calor do corpo), além de exercerem um relevante papel no funcionamento de órgãos vitais, como coração, fígado, rins, ovários etc.
Segundo o Ministério da Saúde, desde a década de 1950, a adição de iodo em todo o sal destinado ao consumo humano é obrigatória. A medida fez com que a porcentagem da população do Brasil com Distúrbio por Deficiência de Iodo (DDI) caísse de 20,7% em 1955 para 1,4% em 2000.
Apesar disso, o hipotireoidismo – doença causada pela desregulação na produção de T3 e T4, que pode ser tratada com consumo de iodo – ainda afeta 10% das mulheres brasileiras, segundo a pesquisa Hipotireoidismo em Foco, encomendada pela farmacêutica Sanofi e realizada pelo Instituto Minds4Health. A estimativa é de que a doença afete em torno de 4,7 milhões de pessoas no País, ainda não diagnosticadas.
O que é o iodo?
Para ajudar a responder essa pergunta, a nutricionista Maria Eduarda Machado elucida que “o iodo é um elemento químico e um micronutriente, ou seja, ele não é produzido pelo corpo e precisa ser ingerido para que sua necessidade seja suprida”.
De acordo com Maria Eduarda, “o iodo é utilizado em especial pela tireoide para produção de hormônios tireoidianos. Sem a quantidade de iodo necessária, haverá impactos nessa produção, trazendo danos para a saúde”.
Dr. Ítalo Rachid afirma que a falta de iodo pode causar nódulos e cistos na tireoide, mamas e próstata, porque são tecidos que necessitam de grandes quantidades do nutriente. “O iodo é um halogênio, assim como o cloro, o bromo e o flúor. Todos esses elementos penetram no corpo pelo mesmo sistema transportador das células. O que acontece é que, como temos muito mais contato com outros halogênios do que com o iodo – por exemplo, com cloro na água, com flúor na pasta de dente, com bromo em diversos alimentos – acabamos sofrendo uma intoxicação por halogênios, o que prejudica a captação de iodo”.
Os principais sintomas da falta de iodo são:
- Hipotireoidismo – causa fraqueza, desânimo, intolerância ao frio, ganho de peso, aumento do tamanho da tireoide, voz rouca, ressecamento da pele, entre outros sintomas;
- Aumento do tamanho da tireoide (Bócio);
- Mau desenvolvimento físico e neurológico em crianças;
- Infertilidade.
Iodofobia médica
Para o Dr. Lair Ribeiro, médico cardiologista e nutrólogo, existe uma “iodofobia médica”, que consiste em um medo comum entre os médicos de causar lesões na tireoide ao promoverem a ingestão de iodo.
“Quando damos iodo aos pacientes, fazemos uma desintoxicação do corpo. Esse detox pode causar lesões e sintomas parecidos com alergias, mas que são, na verdade, as toxinas sendo eliminadas. Depois desse momento inicial, que se assemelha a uma piora, a pessoa começa a melhorar. Como muitos médicos não sabem disso, existe um medo por parte deles em trabalhar com o iodo. Contudo, os benefícios de dar iodo aos pacientes são muitos, e a iodofobia médica é pura ignorância”, explica.
Onde o iodo pode ser encontrado?
“Alimentos de origem marinha, como peixes de água salgada e ostras, podem ser utilizados como fonte de iodo. Ele também está presente em vegetais que foram plantados em solos ricos em iodo e alimentos fortificados, como o sal iodado”, pontua Maria Eduarda.
Alguns peixes de água salgada:
- Badejo
- Anchova
- Linguado
- Pescada
- Salmão
- Atum
- Bacalhau
Outros alimentos ricos em iodo:
- Alga nori
- Queijo parmesão
- Queijo ricota
- Camarão
- Couve-flor
