Dez milhões de pessoas: essa é a quantidade de brasileiros que sofrem de osteoporose, segundo estimativa da Federação Internacional de Osteoporose (IOF, sigla em inglês). A doença, que deixa os ossos do corpo mais porosos e frágeis, aumenta as chances de fraturas e pode causar muitos problemas em quem é acometido por ela.
O médico ortopedista Clercio Gonçalves explica que a osteoporose é uma doença osteometabólica, caracterizada pela perda de massa óssea. “É mais comum em mulheres após a menopausa, mas também pode afetar homens depois da andropausa – diminuição na produção de hormônios masculinos. Diversos fatores podem contribuir para o surgimento da osteoporose. Contudo, a principal causa é a predisposição genética”, afirma.
Fatores de risco para desenvolver osteoporose
De acordo com Clercio, os principais fatores de risco para quem tem predisposição genética são:
- Problemas de tireoide e paratireoide;
- Quimioterapia;
- Diabetes;
- Consumo de álcool;
- Tabagismo;
- Uso prolongado de corticoides;
- Baixa ingestão de cálcio;
- Sedentarismo;
- Uso prolongado de contraceptivos hormonais.
“O principal risco da osteoporose para a saúde do paciente são as fraturas patológicas causadas pela fraqueza dos ossos. A coluna dorsal e lombar são as mais suscetíveis a esse tipo de fratura”, alerta Clercio.
Osteopenia e osteoporose: entenda
De maneira geral, podemos resumir a diferença da seguinte forma: a osteopenia é apenas a redução da massa óssea, enquanto na osteoporose – mais grave – os ossos se tornam menos resistentes e mais sujeitos a fraturas.
O fisioterapeuta Ivaldo Camargo explica que, assim como outros tecidos do corpo, o tecido ósseo se renova de tempos em tempos. Quando há um desequilíbrio na produção e absorção das células ósseas, pode haver osteopenia e, em graus mais severos, osteoporose.
“A osteoporose é uma doença silenciosa, que não dói. Na verdade, a causa das dores são lesões, microfraturas ou fraturas espontâneas. Em grande parte dos casos, essa doença vem acompanhada da artrose, e essa sim provoca muitas dores”, detalha o profissional.
Para o médico cardiologista e nutrólogo Lair Ribeiro, a osteoporose é uma doença pediátrica com consequências geriátricas. “Ela pode começar na adolescência, quando as mulheres iniciam o uso de anticoncepcionais. Pesquisas indicam que esses medicamentos podem enfraquecer os ossos e provocar osteopenia. Mas o problema apenas será diagnosticado durante a menopausa, em torno dos 50 anos”, alerta.
Suplementos e medicamentos: como ajudam no tratamento?
Segundo Lair Ribeiro, os tratamentos medicamentosos não são capazes de reverter o quadro, pois os ossos são compostos por uma combinação de estruturas proteicas e minerais – e são eles que precisam ser repostos no organismo.
“Quando ingerido de forma inorgânica pela alimentação, o cálcio tende a ir para os tecidos moles ao invés dos ossos. Portanto, suplementar apenas esse mineral não resolve. É preciso combiná-lo com a vitamina D3, que absorve cálcio do intestino e bloqueia a eliminação pelos rins, magnésio, vitamina K2 e colágeno”.
Tratamento natural com alimentação
Dica de ouro: “No açougue, peça por pata de vaca ou pé de boi. Leve a peça cortada em pedaços com toda a estrutura de tendões e cartilagens. Depois, cozinhe na pressão por, aproximadamente, uma hora e meia e sirva como mocotó. Nessa sopa, estão todos os minerais e proteínas necessários e nas proporções certas para reposição dos nutrientes que vão ajudar no controle da osteoporose. O colágeno dessa refeição também ajuda na firmeza da pele e na estrutura muscular, e sua absorção é potencializada com atividade física”, ensina o médico Lair Ribeiro.
Clercio ressalta a importância da alimentação e recomenda a alta ingestão de alimentos ricos em cálcio, especialmente verduras que sejam bastante verdes – como couve e brócolis, por exemplo – e laticínios, além de consumir alimentos que contenham potássio e sódio.
O poder das caminhadas e do sol
O fisioterapeuta Jefferson Garcia pontua que “a caminhada é uma ótima atividade, porque não possui alto impacto e ajuda a promover a remodelação do tecido ósseo. O ideal é combinar as caminhadas com exercícios resistidos, como pilates e musculação. Se você ainda não sabe, exercícios resistidos são aqueles que desenvolvem resistência e força nos músculos.
A exposição ao sol também é importante no tratamento, porque é por meio dela que a vitamina D – responsável por fixar o cálcio nos ossos – é sintetizada.
Hábitos que evitam o surgimento da osteoporose
Fazendo um compilado de tudo o que falamos, Clercio elaborou uma lista com hábitos que podem ajudar a prevenir a osteoporose em indivíduos que já têm predisposição genética para desenvolvê-la:
- Alimentação balanceada e rica em verduras verdes;
- Atividade física constante com impacto moderado;
- Evitar álcool;
- Não fumar;
- Evitar o uso prolongado de contraceptivos hormonais e corticoides;
- Monitorar com frequência os hormônios da tireoide e da paratireoide.