Os cálculos renais, chamados de pedras nos rins, são formações duras que podem conter cálcio, oxalato, ácido úrico e outros elementos. São formados por excesso de substâncias que podem formar pequenas pedrinhas, os cálculos. A dor intensa é o principal sintoma.
Segundo Ladislau José Fernandes Júnior, nefrologista titulado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), um fator muito importante para a formação das pedras é a falta de água. Uma urina muito concentrada favorece o desenvolvimento do problema.
“Os cálculos são formados nos rins e podem se movimentar e descer pelos ureteres, que são canais que levam a urina dos rins até a bexiga. Neste momento, geralmente provocam intensa dor. Ao chegar na bexiga, os cálculos são mais facilmente eliminados e sem muita dor através da uretra, que é o canal que liga a bexiga com o meio externo”, explica o médico.
Pessoas que têm elevado consumo de proteínas, alimentos ricos em sal – sódio – e pouca ingestão de água estão propensas à formação de cálculos. Segundo Ladislau, em alguns casos, alterações renais, funcionais e estruturais colaboram para o problema. “Existem ainda algumas doenças sistêmicas e o uso de determinados medicamentos, que também podem favorecer a formação das pedras nos rins, mas, sem dúvida, a soma desses vários fatores é o mais comum”, pontua.
Joseph Mercola, médico osteopata autor de best-sellers com milhões de seguidores nas redes sociais, afirma, em seu artigo “Beber água ajuda a prevenir a formação de pedras nos rins”, que se você já teve pedras nos rins, seus riscos de recorrência são maiores. Segundo ele, cerca de 35% a 50% das pessoas que tiveram pedras nos rins terão novamente dentro de cinco anos, a não ser que mudem seus hábitos.
Impacto da alimentação na formação de pedras nos rins
Além de não beber quantidades suficientes de água, muitos outros fatores podem aumentar os riscos de se desenvolver pedras nos rins. Ladislau salienta que os hábitos alimentares – como o excesso de proteínas e o consumo de alimentos industrializados ricos em sódio – associado à baixa ingestão de água são fatores mais comuns nos tempos atuais para a formação de cálculos.
Segundo o nefrologista, a formação dos cálculos pode ser um dos problemas da alimentação moderna, baseada em alimentos industrializados, ricos em proteína, sal e gorduras, que muitas vezes precede problemas cardíacos – infarto agudo miocárdio – hipertensão arterial sistêmica e obesidade.
“A principal orientação alimentar é manter a hidratação, preferencialmente com água e em torno de 2,5 litros ao dia, e ingerir alimentos mais naturais, evitando gorduras e sal. Frutas são bem-vindas. Evite o açúcar”, resume.
Uma dieta rica em açúcar pode favorecer a formação de pedras nos rins. Segundo Mercola, o açúcar perturba as relações entre os minerais do corpo ao interferir na absorção de cálcio e magnésio. O osteopata alerta para o consumo de açúcares e refrigerantes por crianças, sendo esse um fator importante para que crianças a partir dos cinco anos estejam desenvolvendo pedras nos rins com mais frequência.
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Prevenir é melhor que remediar
Pouca água e muito sal: a receita perfeita para a formação de pedras nos rins. A orientação da farmacêutica pós-graduada em Nutrição e terapeuta naturalista, Angela Xavier, é simples: aumentar o consumo de água e diminuir o consumo de sal. Em seu canal de vídeos com mais de dois milhões de inscritos, Angela endossa que, em grande parte dos casos de pedras nos rins, a prevenção está na dieta alimentar. Para isso, a mudança de hábitos alimentares e estilo de vida é fundamental.
Em um dos vídeos, Angela reforça que o cálculo renal está ligado principalmente à alimentação ruim e à pouca ingestão de água. Uma dieta rica em sódio e proteína de origem animal, principalmente carnes embutidas, acidificam o sangue e aumentam a liberação de cálcio, favorecendo a formação dos cálculos renais. “Proteína em excesso, principalmente de origem animal, aumenta muito a produção do ácido úrico, deixa o PH do sangue ácido, o que favorece a formação das pedras”, explica.
Uma dica simples é substituir o sal de cozinha refinado constituído apenas por cloreto de sódio por um sal integral ou sal marinho. Outra dica da especialista em alimentação é eliminar da dieta os alimentos industrializados que são saturados de sódio, como molhos prontos para salada, cubinhos de temperos, macarrão instantâneo e carnes processadas.
Exercícios e alimentação moderada são duas ferramentas poderosas para prevenir pedras nos rins.
Hidratação: o melhor remédio contra o cálculo renal
Precisamos beber água suficiente para evitar a formação dessas pedras. Angela Xavier ensina que a quantidade ideal varia de acordo com o peso da pessoa, a atividade que ela exerce e a temperatura do local onde está. Mas, em geral, precisamos de 35 ml de água para cada quilo de peso. “Então basta você multiplicar o seu peso por 35. Por exemplo, uma pessoa de 70 quilos vai precisar ingerir no mínimo 2,450 litros de água por dia”, ilustra.
Essa água pode vir pela ingestão de frutas, como laranja e limão, que ajudam na formação do sal chamado citrato, impedindo a formação dos cristais de pedras no nosso organismo. De acordo com a especialista, isso acontece porque o citrato favorece a absorção de cálcio pelos nossos ossos, dessa forma não “sobra” cálcio para formar pedra.
Para Mercola, normalmente são necessários de oito a dez copos de 240 ml de água por dia, mas uma forma mais simples é analisar a cor da sua urina – ela deve ser amarela clara. O ideal é beber água durante o dia inteiro, em pequenas quantidades, e não vários copos de uma única vez, já que isso pode simplesmente fazer com que você urine em maiores quantidades, sem dar ao seu corpo a chance de absorver a água.
A recomendação do osteopata é lembrar-se de aumentar a ingestão de água sempre que praticar atividades físicas ou durante dias mais quentes. Se estiver tomando algum suplemento multivitamínico ou vitamina B que contenha vitamina B2 – riboflavina, a cor da urina será de um amarelo vibrante, quase fluorescente, e isso não permitirá que você use a cor da urina como parâmetro para saber quão bem hidratado está.
Um ponto importantíssimo: nem todo fluido aumenta a produção de urina. O refrigerante está associado a cálculos renais, teoricamente porque o ácido fosfórico que ele contém acidifica a urina, o que favorece a formação de cálculos.
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Tratamento para pedras nos rins
Para orientação alimentar adequada a fim de evitar a formação de pedras nos rins, o profissional nutricionista é figura importante a ser procurada. É indicado também o nutrólogo e outras especialidades, como endocrinologista e nefrologista, para adequada orientação preventiva.
Para pessoas com formação reincidente de cálculos e casos familiares, a atuação do nefrologista é essencial para o adequado diagnóstico e tratamento específico, que evitará a formação dos cálculos. Já no caso de complicações e necessidade de retirada dos cálculos, a atuação dos urologistas é a mais indicada.
Para Ladislau, em situações específicas e com medicamentos corretos, é possível promover a dissolução dos cálculos renais. No entanto, a maioria dos pacientes necessita de intervenções cirúrgicas, como o laser, para uma solução rápida. O nefrologista alerta para o fato de que os chás, amplamente conhecidos pela população, são importantes como hidratação, mas sem efeitos específicos na formação ou quebra de cálculos.
Já Mercola cita a planta tropical Phyllanthus niruri, disponível em forma de suplemento, que demostrou, segundo o osteopata, ser capaz de ajudar a tratar e prevenir a formação de pedras nos rins. De acordo com ele, a planta conhecida como “quebra-pedra” interfere em vários estágios da formação dos cálculos renais, reduzindo a aglomeração dos cristais e modificando suas estruturas e composições.
Cólica renal: o que fazer?
Para aliviar a dor em casos de cólicas renais, Angela Xavier recomenda o uso de compressas de argila com carvão no abdômen ou na região onde existe a dor. Se o rim estiver quente, a orientação é utilizar a argila fria, caso contrário, aqueça.
Paralelo à argila, a especialista em alimentação indica uma dieta líquida com suco, incluindo suco de melancia batido com semente e coado. Angela explica que a semente é mais diurética do que a polpa. Essa receita pode ser alternada com suco de abacaxi ou de outras frutas cítricas, acrescentando hortaliças ricas em citratos, como as verduras. O citrato é um elemento protetor que combina facilmente com o cálcio no intestino. Essa combinação resulta em um produto mais solúvel, e os rins conseguem eliminar com mais facilidade o excesso de cálcio que estaria disposto a formar o cálculo.
Além dos sucos, Angela recomenda os chás: casca de abacaxi, chá de quebra-pedra, chá de boldo, alecrim, camomila, carqueja e outros. A indicação é preparar uma infusão com essas plantas – uma colher de sopa para um litro de água – e tomar três vezes ao dia.
Fonte secundária: Joseph Mercola