Tanto o vírus da Covid-19 quanto o da Influenza já passaram por mutações e estão circulando entre as pessoas com suas variantes Delta, Ômicron, H1N1, H3N2, e nada garante que não possam surgir outras variantes no futuro. Por isso, é importante entender como cada um desses vírus se comporta em nosso organismo para evitar o contágio e, principalmente, buscar atendimento adequado. A gripe também não é brincadeira. Se não tratada, pode causar complicações graves e levar à morte.
Entenda o que é a gripe
A gripe é uma infecção viral causada por muitos tipos de cepas, todas do vírus Influenza. Segundo o médico e diretor da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), Abrão Cury Jr., atualmente, o Brasil enfrenta uma epidemia causada pela cepa H3N2, uma mutação do vírus da gripe que faz lembrar o período da H1N1, quando o País viveu uma situação parecida. De acordo com o médico, as mutações são constantes e existem dezenas de cepas que podem causar a gripe.
O responsável pela gripe é o vírus Influenza. De acordo com o Ministério da Saúde, existem 3 tipos: A, B e C. O vírus Influenza C causa infecções respiratórias brandas e não está relacionado com epidemias. Os vírus Influenza A e B, por sua vez, são responsáveis por epidemias sazonais, ou seja, que acontecem todos os anos em uma mesma época – por exemplo, no inverno, provocadas por cepas ligeiramente modificadas em relação ao ano anterior. Já o vírus Influenza A também é responsável pelas grandes pandemias. Entre os subtipos de vírus Influenza A, os subtipos A H1N1 e A H3N2 são os que circulam atualmente entre humanos.
Mal-estar, dores no corpo e febre alta
Diferentemente do resfriado comum, a gripe é sistêmica. Uma doença sistêmica é aquela que afeta todo o corpo humano e não apenas um órgão ou região, como em outras doenças. O médico Abrão explica que a gripe causa efeitos variados, com forte mal-estar, dores pelo corpo, febre alta e pode vir acompanhada de tosse. “A gripe pode atacar as vias respiratórias de forma considerável e evoluir para desconforto respiratório. Portanto, é um quadro sistêmico que abate muito o paciente”, afirma.
A gripe é transmitida pelas vias aéreas, por aerossol, ou seja, pelo ar. As pessoas gripadas ao falarem, tossirem ou espirrarem mandam um “enxame de vírus” em volta de quem estiver por perto. Além disso, locais contaminados também podem ser potenciais transmissores, o que ocorre também indiretamente pelas mãos. Assim, após contato com superfícies recentemente contaminadas por secreções respiratórias de um indivíduo infectado, elas podem carregar o vírus diretamente para a boca, nariz e olhos.
E qual a diferença em relação ao resfriado?
Os vírus que causam a gripe e o resfriado são diferentes. Os resfriados são causados pelo rinovírus. No entanto, são uma doença mais leve, com sintomas diferentes da gripe, embora parecidos, mas sem grandes complicações, não afetando o paciente gravemente.
De acordo com o Ministério da Saúde, a gripe é uma doença mais grave, que causa febre alta, dores musculares, dor de cabeça, dor de garganta e exige mais cuidados para não evoluir para uma pneumonia. Já o resfriado é mais brando e dura menos tempo.
Diferença entre gripe e Covid-19
“Estamos vivendo o maior número de mutações virais no menor espaço de tempo já visto na história da medicina”, afirma o médico e diretor da SBCM. A Covid-19 é causada pelo vírus SARS-Cov-2 e já tem diversas variantes ativas. A gripe é causada pela Influenza e, também, possui inúmeras variantes, sendo a atual – a H3N2 – com maior predominância.
Confira os sintomas de cada uma delas:
- Sintomas da Covid-19: febre, tosse, dor de garganta, falta de ar, diarreia, vômito, dor no corpo, cansaço e fadiga;
- Sintomas da H3N2: febre alta no início do contágio, inflamação na garganta, calafrios, perda de apetite, irritação nos olhos, vômito, dores articulares, tosse, mal-estar e diarreia, principalmente em crianças.
Para saber qual vírus está ativo, é indispensável fazer a testagem e procurar orientações médicas. Muitas farmácias oferecem o serviço, caso você não consiga fazer no posto de saúde perto da sua casa.
A gripe pode matar?
De acordo com o Ministério da Saúde, se não tratada a tempo, sim, a gripe pode acarretar complicações graves e levar à morte, principalmente nas pessoas com mais de 60 anos, crianças menores de seis anos, gestantes e doentes crônicos. Portanto, merece tanta atenção quanto a que você dá à Covid-19.
“A gripe é uma doença que pode comprometer todo o organismo, e as pessoas de mais idade, os cardiopatas e os diabéticos podem ter as suas condições clínicas pioradas. Nas pessoas idosas, o acometimento gripal pode ter consequências severas, assim como nas pessoas portadoras de doenças crônicas”, reforça Abrão.
As complicações vão desde insuficiência respiratória até pneumonias gripais e consequentemente superinfecções bacterianas associadas. A gravidade depende da condição particular de cada paciente, da idade e de vários fatores que interferem e podem ser causadores de complicações.
Então, qual o tratamento para a gripe?
De acordo com o médico especialista, o tratamento é direcionado ao alívio dos sintomas. Por isso, a gripe deve ser tratada com medicamentos sintomáticos, como analgésicos e antitérmicos, que aliviam a dor e a febre. No entanto, as complicações podem merecer tratamentos específicos, que vão de observação a internações hospitalares para alguns casos.
Outras orientações são beber bastante água e descansar. A maioria das pessoas com gripe se recuperará dentro de uma semana, mas é fundamental procurar assistência médica para saber se de fato trata-se de uma gripe.
Por último, mas não menos importante: a prevenção
O Ministério da Saúde orienta que sejam adotadas medidas gerais de prevenção contra a gripe, chamadas de “etiqueta respiratória”, tais como:
- Lavar e higienizar as mãos com frequência;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talher, copo e garrafa;
- Evitar tocar mucosas do olho, nariz e boca;
- Usar lenço descartável para higiene nasal;
- Ter boa alimentação e beber bastante líquido;
- Evitar contato com pessoas que estejam com sintomas da gripe;
- Manter os ambientes arejados.
Farmácia de prontidão
O país vive um surto de gripe que superlotou os postos de saúde e hospitais. Diante desse cenário, vale lembrar que a farmácia é a instituição de saúde mais próxima do cidadão e tem um papel fundamental na sociedade.
O farmacêutico da Saúderia Tudo Mais, Raphael Araújo, explica que, no caso específico da gripe, o farmacêutico pode ajudar os pacientes de muitas formas:
- Solicitando e realizando teste rápido de Influenza para confirmar se o paciente está ou não infectado;
- Aplicando a vacina contra a gripe dentro da farmácia;
- Prescrevendo medicamentos não tarjados, nutracêuticos [sugestão: linkar para artigo “Como prevenir as doenças do coração” que explica o que são os nutracêuticos] e vitaminas para o controle da doença;
- Orientando sobre os cuidados que o paciente precisa ter para evitar e/ou tratar a gripe;
- Emitindo encaminhamento com uma avaliação criteriosa dos sinais e sintomas do paciente, para uma unidade básica de saúde, caso julgue necessário.
Raphael sugere ainda que o paciente vá até a farmácia mais próxima e procure o farmacêutico antes de ir a um posto ou hospital. “Dessa forma, as pessoas evitam lugares lotados, aglomerações e terão atendimento mais rápido, feito por um profissional de saúde capacitado”, sugere.