Mais conhecida como pressão alta, a hipertensão arterial é um importante fator de risco para o surgimento de doenças do coração. Em geral, a pessoa está com pressão alta quando a pressão arterial sistólica for maior ou igual a 140 mmHg e a pressão arterial diastólica for maior ou igual 90 mmHg. É aquele famoso “14×9” que você sempre ouve falar.
Mas as pessoas são diferentes, por isso é preciso avaliação de um profissional de saúde para dizer se a pressão está alta ou normal. O tratamento consiste em ingerir menos sal, manter uma alimentação saudável, fazer um acompanhamento regular da pressão e manter o peso adequado, além de ser recomendado não fumar e não beber em excesso.
O que é Hipertensão?
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) e diretor da Unidade de Hipertensão do InCor, Luiz Bortolotto, a hipertensão é uma doença crônica não transmissível, ou seja, não passa de uma pessoa para outra e está sempre presente, por isso é chamada de crônica.
É também multifatorial, uma vez que apresenta diversas causas, e é definida por valores continuamente elevados da pressão arterial, considerados hoje maiores ou igual a 140/90 mmHg ou 14 por 9. Esses valores significam uma resistência dos vasos sanguíneos ao fluxo de sangue que é gerado quando o coração se contrai.
Fazendo uma comparação bem simples, o cardiologista explica que é como se existisse uma torneira que manda água com muita força conectada a uma mangueira que tem a borracha endurecida: a pressão dentro da mangueira fica alta.
Hipertensão em números
De acordo com a primeira análise global abrangente das tendências na prevalência, detecção, tratamento e controle da hipertensão – liderada pelo Imperial College London e Organização Mundial da Saúde (OMS) – o número de adultos de 30 a 79 anos de idade com hipertensão aumentou de 650 milhões para 1,28 bilhão nos últimos 30 anos em todo o mundo. Quase metade dessas pessoas não sabia que tinha a doença.
No Brasil, as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial de 2020 trazem o dado de que a hipertensão está presente em torno de 30% da população brasileira adulta. O número de óbitos vem crescendo a cada ano. Em 2015, foram registradas 47.288 mortes. Em 2019, o número saltou para 53.022, segundo o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.
De acordo com a pesquisa Vigitel Brasil 2019 – Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas – a frequência de diagnóstico médico de hipertensão foi de 24,5% entre as 27 capitais brasileiras, e a doença é mais prevalente em mulheres (27,3%) do que em homens (21,2%).
Como descobrir se você é hipertenso?
A maioria das pessoas que tem hipertensão não apresenta sintomas, por isso se diz que é uma doença silenciosa. No entanto, o cardiologista Luiz Bortolotto relata que alguns sintomas podem sugerir a presença de pressão mais alta e suas complicações:
- Dor de cabeça constante;
- Tontura;
- Sangramento nasal;
- Falta de ar;
- Dor no peito.
Ainda assim, medir a pressão regularmente é a única maneira de diagnosticar a hipertensão. “O importante é fazer a aferição regular da pressão arterial com um profissional de saúde, já que o diagnóstico é feito apenas pela medida da pressão”, reforça o atual presidente da SBH.
Para o Ministério da Saúde, o recomendado é que pessoas acima de 20 anos de idade devam medir a pressão ao menos uma vez por ano. Se houver casos de pessoas com pressão alta na família, deve-se medir no mínimo duas vezes por ano.
Tipos de hipertensos: estágio I, II e III
A pessoa é considerada hipertensa quando sua pressão fica maior ou igual a 14 por 9 na maior parte do tempo. A partir desse limite, o risco de ocorrerem doenças cardiovasculares, renais e assim por diante é muito maior.
De acordo com o cardiologista Luiz Bortolotto, os estágios da hipertensão são baseados nos valores de pressão arterial medidos no consultório de forma adequada.
- PA entre 140/90 e 159/99 mmHg – Estágio I
- PA entre 160/100 a 179/109 mmHg – Estágio II
- PA > ou = 180/110 mmHg – Estágio III
O estágio III apresenta maior gravidade pelo maior risco de atingir mais seriamente cérebro, rins e coração.
O que provoca a hipertensão?
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 90% dos casos essa doença é herdada dos pais, mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre eles:
- Fumo;
- Consumo de bebidas alcoólicas;
- Obesidade;
- Estresse;
- Elevado consumo de sal;
- Níveis altos de colesterol;
- Falta de atividade física.
Além desses fatores de risco, a existência da pressão alta é maior na raça negra, em diabéticos e aumenta com a idade.
O cardiologista Luiz Bortolotto afirma que quem não faz o diagnóstico e não trata a hipertensão corre sérios riscos de ter um infarto do miocárdio; um acidente vascular cerebral (derrame); falência dos rins (às vezes necessitando diálise); falência do coração (insuficiência cardíaca); e até disfunção cognitiva (perda de memória, demência).
Mas, afinal, qual é o tratamento para pressão alta?
Prevenir ainda é o melhor remédio.O Ministério da Saúde reforça que a prevenção contra essa doença está diretamente relacionada a hábitos de vida saudável. O cardiologista Luiz Bortolotto destaca algumas práticas:
- Redução do consumo de sal (sal adicionado e produtos enlatados e embutidos);
- Manter o peso adequado, se necessário mudando hábitos alimentares;
- Maior consumo de alimentos ricos em potássio (frutas e verduras);
- Praticar atividade física regular (3 a 5 x/semana);
- Redução do peso se estiver com excesso;
- Parar de fumar;
- Moderar o consumo de álcool;
- Controlar o estresse, incluindo técnicas de meditação, entre outras.
Uso de medicamentos diários para controle da pressão
Além da mudança de hábitos, o médico alerta para a necessidade do uso de medicamentos diários para o controle da pressão para a grande maioria dos pacientes hipertensos.
Esses medicamentos incluem diuréticos, vasodilatadores e bloqueadores do excesso de atividade do sistema nervoso simpático – que libera adrenalina – e podem ser utilizados juntos, de acordo com a indicação médica para cada paciente.
Como a farmácia pode te ajudar?
Raphael Araújo, farmacêutico responsável pela Saúderia, explica que o papel da farmácia é fundamental para ajudar o paciente hipertenso, já que oferece serviços indispensáveis para o diagnóstico da doença.
Entre os serviços estão a aferição da pressão arterial (PA) periodicamente para acompanhar a evolução da doença e a avaliação antropométrica, isto é, medir as dimensões físicas de uma pessoa, ajudando a monitorar a circunferência abdominal que tem total relação com doenças cardíacas.
Por meio do acompanhamento periódico do paciente, o farmacêutico pode avaliar se o tratamento medicamentoso sugerido pelo médico está surtindo efeito.
Ainda de acordo com Raphael, cabe ao farmacêutico orientar sobre a forma correta do uso dos medicamentos para que possa haver adesão do paciente ao tratamento. Além disso, alertar sobre a importância de mudanças no estilo de vida.